Companhia Hecatombe: duas décadas de trajetória
Fundada em 2005, em São José do Rio Preto – SP, pelo diretor Homero Kaneko e pelo dramaturgo Daniel Veiga, a Companhia Hecatombe dedicou-se inicialmente ao estudo em dramaturgia e teatro de pequenos formatos.
Em 2009, estreou seu primeiro espetáculo de carreira, "Orégano", do dramaturgo argentino Sergio Lobo, com o qual passou a pesquisar a linguagem neogrotesca. Assim, em 2010, estabeleceu contato direto com a Argentina para onde foi, com todos os seus integrantes, aprofundar sua pesquisa. A residência da Cia. em Buenos Aires investigou a obra do pintor Carlos Alonso, o grotesco portenho e o grupo Teatro X La Identidad, ligado às Avós da Praça de Maio. Este importante intercâmbio impulsionou a criação do espetáculo "Cheiro de Carne", que foi agraciado com recursos do PROAC/SP para montagem em 2011.
Em 2012, a Cia. foi novamente premiada com o PROAC/SP, dessa vez para a circulação de "Orégano". Com seus dois trabalhos em repertório, a Companhia passou a ser convidada por programações teatrais e festivais em diversos municípios do Estado de São Paulo, conquistando um público assíduo e receptivo. Já em sua primeira década de atuação se firmava como uma Companhia do interior com forte atuação regional, cumprindo a missão de levar arte e reflexão para os municípios mais recônditos de nosso Estado.
Em 2013, com o apoio do SESC Rio Preto, organizou o Encontro de Pensadores da Latinoamérica, a fim de discutir a cena latino-americana. Recebeu como convidado o crítico teatral e escritor Jefferson Del Ríos.
Em 2014, estreou "Longos Anos", com orientação de direção e dramaturgia do diretor carioca Pedro Brício, através do programa Laboratório Cênico, promovido, mais uma vez, pelo SESC Rio Preto.
Em 2015, foi agraciada pelo PROAC/SP para a montagem de "Crise de Gente", um projeto em comemoração aos 10 anos da Hecatombe, que contou com a orientação de direção de Nelson Baskerville. Neste mesmo projeto, Alexandre Dal Farra foi convidado a fazer provocações dramatúrgicas e a trazer reflexões artísticas no segundo Encontro de Pensadores da Latinoamérica, realizado junto ao espetáculo.
No final de 2016, a Companhia recebeu novamente um prêmio do PROAC/SP para a montagem de seu primeiro espetáculo infantojuvenil, "20 Mil Novas Léguas", que estreou em setembro de 2017. Neste mesmo ano, foi agraciada mais uma vez com o PROAC/SP, dessa vez para outro projeto infantojuvenil chamado "Vermelhinhos". Este último percorreu diversas cidades do interior paulista em 2018 e foi inspirado em "A Mulher que Matou os Peixes", de Clarice Lispector.
Em 2019, em um intercâmbio artístico com a cidade do Rio de Janeiro, estreou o espetáculo "Alice & Baltazar ou Indevassável". Ganhou o Prêmio Nelson Seixas para circulação do espetáculo "Vermelhinhos", realizando temporada no CEU das Artes Nova Esperança. Apresentou, ainda, "Longos Anos" no projeto C4SA, que recebeu, no apartamento do diretor Homero Kaneko, peças de pequenos formatos para um público máximo de 20 pessoas.
Em 2020, a Companhia completou 15 anos em meio ao desafio pandêmico. Ainda assim, permaneceu em constante proposição de projetos e passou a experimentar o universo do teatro nas telas. Apresentou, inspirada no pensamento do filósofo Giorgio Agamben, duas edições da performance "Reler", em que Homero Kaneko leu, ininterruptamente, os livros bíblicos de Gênesis e Êxodo para várias câmeras.
Já em 2021, recebeu um PROAC/SP para circulações virtuais dos espetáculos "Longos Anos" e "Vermelhinhos".
Em 2022, promoveu a adaptação de "Longos Anos" para curta-metragem, com o nome de "Os Longos Anos que Passei Sem Te Ver", também resultado de mais um prêmio PROAC/SP.
Em 2023, seu diretor, Homero Kaneko, embarcou em suas memórias pessoais e passou a observar sua condição de pessoa amarela como central na proposição de novos projetos. Nasceu, em parceria com o grupo Clowns de Shakespeare, de Natal-RN, o espetáculo "Kamikaze", que contou com a direção de Fernando Yamamoto e recebeu um prêmio PROAC/SP para sua montagem.
Em 2024, a Cia aportou no bairro Solo Sagrado, zona norte e espaço periférico de São José do Rio Preto, passando a oferecer à comunidade local oficinas, cursos, cineclube e demais ações. Nasce a SALETE, uma pequena sala, um espaço cultural que reúne a experiência de gestão cultural da Companhia em prol da criação e manutenção de um polo cultural, popular e contemporâneo, que se utiliza das ferramentas da economia criativa para impulsionar projetos, corpos, o entorno, e, principalmente, sonhos.
Por fim, em 2025, a estreia do espetáculo ØDISSE.IA, fruto do edital CULTSP - PNAB, marca os 20 anos de Hecatombe e refunda sua missão como um espaço de pensamento e crítica nas artes da cena e cultura.